Mahonia aquifolium (Pursh) Nutt. / Uva-do-Oregon, também conhecida como bérberis-do-oregon ou uva-de-oregon, é um arbusto perene da família Berberidaceae, descrito por Frederick Traugott Pursh em 1814 e reclassificado por Thomas Nuttall em 1818. Nativa da América do Norte, especialmente da região noroeste do Pacífico, esta planta é valorizada pelas suas propriedades medicinais e pelo seu uso ornamental. Historicamente, as tribos indígenas da América do Norte utilizavam a uva-do-oregon para tratar diversas enfermidades, desde problemas digestivos até condições de pele.
A uva-do-oregon destaca-se pela sua composição fitoquímica rica, com alcaloides como a berberina, que lhe conferem potentes ações antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras. As suas folhas espinhosas, flores amarelas vibrantes e bagas azul-escuras, semelhantes a uvas, não só a tornam atraente visualmente, mas também indicam a sua importância ecológica e medicinal. A pesquisa científica moderna tem vindo a validar muitos dos usos tradicionais, consolidando a sua reputação como uma planta medicinal de grande interesse.
Nomes Populares e Internacionais da Uva-do-Oregon
- Português: uva-do-oregon, bérberis-do-oregon, uva-de-oregon.
- Espanhol: uva de Oregón, mahonia, agracejo de Oregón.
- Inglês: Oregon grape, holly-leaved barberry, Oregon grape holly.
- Francês: mahonia à feuilles de houx, vigne de l’Oregon.
- Italiano: mahonia, uva dell’Oregon.
- Alemão: Mahonie, Stechdorn-Mahonie, Oregon-Traube.
Sinónimos Botânicos da Uva-do-Oregon
O nome científico mais amplamente reconhecido para esta espécie é Mahonia aquifolium (Pursh) Nutt. Contudo, devido a reclassificações taxonómicas, a planta é por vezes referida como Berberis aquifolium Pursh. Esta mudança reflete a tendência de alguns botânicos em incluir o género Mahonia dentro do género Berberis, com base em estudos genéticos e morfológicos que indicam uma estreita relação entre eles. Ambas as denominações são aceites na literatura, mas Mahonia aquifolium permanece a mais comum em contextos hortícolas e fitoterapêuticos.
- Berberis aquifolium Pursh.
- Mahonia piperiana Abrams.
- Odostemon aquifolium (Pursh) Rydb.
Família Botânica: Berberidaceae

Ilustração botânica de Mahonia aquifolium (Pursh) Nutt. (uva-do-oregon, bérberis-do-oregon, Oregon grape), arbusto perene da família Berberidaceae, nativo da América do Norte, mostrando um ramo com folhas espinhosas e brilhantes de cor verde-escura, cachos de pequenas flores amarelas vibrantes e bagas azul-escuras, semelhantes a uvas, em estilo de enciclopédia botânica do século XIX sobre fundo de papel de herbário com tonalidade verde-sálvia.
A família Berberidaceae é um grupo de plantas dicotiledóneas que inclui cerca de 15 géneros e mais de 700 espécies, distribuídas principalmente nas regiões temperadas do Hemisfério Norte. Caracteriza-se pela presença de alcaloides isoquinolínicos, como a berberina, que são responsáveis por muitas das suas propriedades medicinais. Membros desta família são frequentemente arbustos ou pequenas árvores, com folhas alternas e flores geralmente amarelas ou brancas, dispostas em cachos.
A uva-do-oregon, como membro da Berberidaceae, partilha estas características distintivas. A família é conhecida pela sua importância na medicina tradicional em várias culturas, sendo utilizada para tratar uma variedade de condições, desde infecções e inflamações até problemas digestivos. A presença de compostos bioativos nesta família tem sido objeto de extensas pesquisas farmacológicas, contribuindo para o desenvolvimento de novos medicamentos e suplementos fitoterápicos.
Partes Utilizadas da Uva-do-Oregon
- Bagas
- Casca da raiz
- Folhas
- Rizoma
Usos Etnobotânicos e Tradicionais da Uva-do-Oregon
- Artrite e reumatismo
- Constipações e gripes
- Dermatite atópica
- Diarreia e disenteria
- Distúrbios digestivos
- Eczema
- Infecções bacterianas e fúngicas
- Psoríase
- Problemas hepáticos e biliares
Propriedades Terapêuticas da Uva-do-Oregon
- Analgésico (alivia a dor)
- Anti-inflamatório (reduz inflamações)
- Antibacteriano (combate bactérias)
- Antifúngico (combate fungos)
- Antioxidante (combate radicais livres)
- Antiparasitário (combate parasitas)
- Antiproliferativo (inibe o crescimento celular anormal)
- Antipsoriático (ajuda no tratamento da psoríase)
- Colagogo (estimula a secreção de bílis)
- Imunomodulador (modula o sistema imunitário)
- Hepatoprotetor (protege o fígado)
Perfil Fitoquímico Detalhado da Uva-do-Oregon
- Berberina
- Berbamina
- Canadina
- Hidrastina
- Iatrorrizina
- Mahoniaquinona
- Oxicantina
- Palmatina
- Protopina
- Taninos
Formas de Preparo e Administração da Uva-do-Oregon
- Cápsulas
- Cataplasma
- Chá (decocção da raiz)
- Cremes e pomadas tópicas
- Extracto fluido
- Extracto seco
- Tintura
Sinergia com Outras Plantas Medicinais
Saúde da Pele
A uva-do-oregon, rica em berberina, atua sinergicamente com a calêndula (Calendula officinalis) e o aloé vera (Aloe barbadensis Miller) para otimizar o tratamento de condições cutâneas como psoríase e eczema. A berberina oferece propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas, enquanto a calêndula promove a cicatrização e o aloé vera hidrata e acalma a pele. Esta combinação pode reduzir a inflamação, aliviar a comichão e apoiar a regeneração celular, melhorando a saúde geral da pele.
Suporte Digestivo
Para problemas digestivos, a uva-do-oregon pode ser combinada com gengibre (Zingiber officinale) e hortelã-pimenta (Mentha × piperita). A berberina da uva-do-oregon ajuda a combater infecções intestinais e a regular a flora, enquanto o gengibre alivia náuseas e a hortelã-pimenta reduz espasmos e flatulência. Juntas, estas plantas promovem uma digestão saudável e aliviam o desconforto gastrointestinal.
Reforço Imunitário
A combinação da uva-do-oregon com equinácea (Echinacea purpurea) e sabugueiro (Sambucus nigra) pode fortalecer o sistema imunitário. A berberina possui efeitos imunomoduladores, enquanto a equinácea é conhecida por estimular a resposta imune e o sabugueiro oferece propriedades antivirais. Esta sinergia é particularmente útil na prevenção e tratamento de constipações e gripes, ajudando o corpo a combater patógenos de forma mais eficaz.
Modo de Uso: Receitas e Protocolos de Uso
Decocção da Raiz para Uso Interno
Para preparar uma decocção, adicione 1 a 2 colheres de chá de raiz seca e picada de uva-do-oregon a 500 ml de água fria. Leve a mistura ao lume e deixe ferver suavemente por 10 a 15 minutos. Coe e beba até 3 chávenas por dia. Esta decocção é tradicionalmente utilizada para apoiar a função hepática, digestiva e para combater infecções. Não exceda a dose recomendada e consulte um profissional de saúde para uso prolongado.
Pomada Tópica para Psoríase e Eczema
Para fazer uma pomada caseira, combine 1 parte de extracto líquido de uva-do-oregon com 4 partes de uma base de pomada neutra (como vaselina ou manteiga de karité). Misture bem até obter uma consistência homogénea. Aplique uma fina camada sobre as áreas afetadas da pele 2 a 3 vezes ao dia. Esta pomada pode ajudar a reduzir a inflamação, a vermelhidão e a descamação associadas à psoríase e ao eczema. Faça um teste de sensibilidade numa pequena área antes de aplicar amplamente.
Tintura para Suporte Imunitário
A tintura de uva-do-oregon pode ser preparada macerando a raiz picada em álcool de cereais a 40-60% por 2 a 4 semanas. A proporção típica é de 1:5 (1 parte de planta para 5 partes de álcool). Após a maceração, coe e armazene em frasco escuro. A dose usual é de 1 a 2 ml, 2 a 3 vezes ao dia, diluída em água. Utilize para reforçar o sistema imunitário, especialmente durante a estação de gripes e constipações, ou como suporte antimicrobiano. Consulte um fitoterapeuta para dosagens específicas.
Terapias Associadas
Fitoterapia
A uva-do-oregon é uma planta fundamental na fitoterapia, valorizada pelas suas propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras, principalmente devido à presença de berberina. É amplamente utilizada em preparações como tinturas, extratos e decocções para tratar uma variedade de condições, incluindo infecções gastrointestinais, problemas de pele como psoríase e eczema, e para apoiar a saúde hepática e biliar. A sua versatilidade e eficácia a tornam um recurso valioso na medicina herbal moderna.
Homeopatia
Na homeopatia, Mahonia aquifolium é um remédio que pode ser indicado para condições de pele crónicas, como psoríase e eczema, especialmente quando acompanhadas de pele seca, escamosa e com comichão. Também pode ser considerada para problemas hepáticos e digestivos, e para condições que afetam as membranas mucosas. A preparação homeopática é feita a partir da tintura-mãe da casca da raiz, e a dosagem é altamente individualizada, sendo determinada por um homeopata qualificado.
Naturopatia
Na naturopatia, a uva-do-oregon é frequentemente integrada em planos de tratamento holísticos para abordar a causa raiz de diversas doenças. É utilizada para desintoxicação hepática, suporte digestivo e como um agente antimicrobiano natural. Os naturopatas podem recomendar a uva-do-oregon em conjunto com mudanças dietéticas, suplementos nutricionais e outras terapias para otimizar a saúde e o bem-estar geral, focando na capacidade inata do corpo de se curar.
Contraindicações e Efeitos Colaterais da Uva-do-Oregon
A uva-do-oregon é geralmente segura quando usada nas doses recomendadas, contudo, existem algumas contraindicações e potenciais efeitos colaterais. Devido à presença de berberina, não é recomendada para mulheres grávidas ou a amamentar, pois a berberina pode estimular contrações uterinas e atravessar a placenta e o leite materno, podendo ser prejudicial ao feto ou bebé. Crianças pequenas também devem evitar o seu uso. Indivíduos com doenças hepáticas graves ou obstrução biliar devem usar com cautela e sob supervisão médica, pois a berberina pode afetar o metabolismo hepático.
Interações Medicamentosas
A uva-do-oregon pode interagir com vários medicamentos. Pode potenciar o efeito de medicamentos anticoagulantes, aumentando o risco de hemorragias. Também pode interferir com medicamentos metabolizados pelo fígado (via citocromo P450), alterando a sua eficácia. Pacientes que tomam imunossupressores, medicamentos para diabetes ou para a pressão arterial devem consultar um médico antes de usar uva-do-oregon, pois pode haver interações significativas. Em doses elevadas, pode causar irritação gastrointestinal, náuseas, vómitos e diarreia. Reações alérgicas são raras, mas possíveis. Sempre procure aconselhamento médico antes de iniciar qualquer suplementação.
Curiosidades e Fatos Históricos sobre a Uva-do-Oregon
Planta Símbolo do Oregon
A Mahonia aquifolium, ou uva-do-oregon, é a flor-símbolo do estado do Oregon, nos Estados Unidos, desde 1899. Embora seja comumente chamada de uva-do-oregon, as suas flores amarelas vibrantes são, na verdade, a parte designada como símbolo estadual. A escolha reflete a abundância e a importância cultural da planta na região.
Uso Pelos Nativos Americanos
As tribos indígenas da costa noroeste do Pacífico, como os Chinook, os Cowlitz e os Squaxin, utilizavam a uva-do-oregon para uma vasta gama de propósitos. A raiz e a casca eram usadas para fazer decocções para tratar problemas de fígado, vesícula biliar e para purificar o sangue. As bagas, embora ácidas, eram consumidas frescas ou secas e usadas para fazer uma bebida fermentada. As folhas espinhosas eram por vezes usadas como proteção simbólica.
Perguntas Frequentes sobre a Uva-do-Oregon
A Uva-do-Oregon é Comestível?
Sim, as bagas da uva-do-oregon são comestíveis, mas bastante ácidas. São ricas em vitamina C e podem ser usadas para fazer geleias, vinhos e molhos, geralmente com a adição de açúcar para equilibrar a acidez. A raiz e outras partes da planta não são consumidas como alimento, sendo reservadas para uso medicinal.
Qual a Diferença Entre a Uva-do-Oregon e a Bérberis Comum?
Embora ambas pertençam à família Berberidaceae e contenham berberina, a uva-do-oregon (Mahonia aquifolium) e a bérberis comum (Berberis vulgaris) são espécies diferentes. A principal diferença visual está nas folhas: a uva-do-oregon tem folhas compostas, pinadas e espinhosas, semelhantes às do azevinho, enquanto a bérberis comum tem folhas simples e espinhos nos caules. Ambas têm usos medicinais semelhantes devido à berberina.
É Seguro Usar Cremes de Uva-do-Oregon Para Psoríase?
Estudos clínicos demonstraram que cremes tópicos contendo extrato de uva-do-oregon (geralmente 10% de extrato) podem ser eficazes e seguros para o tratamento da psoríase leve a moderada. Estes cremes ajudam a reduzir a inflamação, a descamação e a vermelhidão. No entanto, é importante consultar um dermatologista antes de iniciar qualquer novo tratamento e fazer um teste de sensibilidade para evitar reações alérgicas.
Referências e Estudos Científicos
- Gulliver, W. P., & Donsky, H. J. (2005). A report on three recent clinical trials using Mahonia aquifolium 10% topical cream and a review of the worldwide clinical experience with Mahonia aquifolium for the treatment of psoriasis. American Journal of Therapeutics, 12(5), 398-406.
- Janeczek, M., Moy, L., & Riopelle, A. (2018). Review of the Efficacy and Safety of Topical Mahonia aquifolium for the Treatment of Psoriasis and Atopic Dermatitis. Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology, 11(12), 42-48.
- He, J. M., & Mu, Q. (2015). The medicinal uses of the genus Mahonia in traditional Chinese medicine: An ethnopharmacological, phytochemical and pharmacological review. Journal of Ethnopharmacology, 175, 666-683.
- Healthline. (2019). What Is Oregon Grape? Uses and Side Effects.
- WebMD. (n.d.). Oregon Grape – Uses, Side Effects, and More.